O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, enfrenta um duro revés após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial do país. O caso foi registrado em Montenegro, no Rio Grande do Sul, e levou à suspensão imediata de exportações por parte de importantes parceiros comerciais, como China, União Europeia, Argentina, Uruguai e Chile.
A granja afetada abrigava cerca de 17 mil matrizes reprodutoras destinadas à produção de ovos férteis. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), todas as aves foram abatidas de forma preventiva, conforme os protocolos internacionais estabelecidos para contenção da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP).
Exportações em Risco
A repercussão internacional foi rápida e severa. A China, principal destino das exportações brasileiras de frango, anunciou um embargo de 60 dias aos produtos vindos do Brasil. Outros países seguiram a mesma linha, alegando precaução sanitária. Com isso, cerca de 14% das exportações nacionais de carne de frango podem ser comprometidas a curto prazo.
“O impacto é significativo. Podemos estar falando de perdas mensais entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões apenas em exportações”, afirma Luiz Tavares, economista especializado em agronegócio. O Brasil exporta, em média, 465 mil toneladas de carne de frango por mês — o que significa que mesmo uma interrupção breve pode gerar grandes prejuízos.
Reflexos Internos
Além do baque nas exportações, há preocupação com os reflexos no mercado interno. Caso o embargo se prolongue e o número de focos aumente, especialistas alertam para a possibilidade de aumento no preço da carne de frango e ovos, devido a abates preventivos e à redução na produção.
O governo federal afirma que o caso está sob controle e que medidas rigorosas estão sendo adotadas para impedir a disseminação do vírus. “O foco foi isolado e as ações foram executadas com celeridade. O Brasil continua seguro do ponto de vista sanitário”, declarou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Reputação em Jogo
Embora o Brasil mantenha o status de "livre de gripe aviária em produção comercial" até nova avaliação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a ocorrência já abala a confiança do mercado. O país vinha se destacando justamente por nunca ter registrado surtos em granjas industriais, mesmo com dezenas de casos em aves silvestres no último ano.
“Essa imagem de excelência sanitária sempre foi um diferencial brasileiro. Esse episódio exige respostas rápidas e bem coordenadas para preservar a reputação construída ao longo de décadas”, ressalta a zootecnista Renata Dias, consultora do setor.
✅ O que está sendo feito:
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Isolamento do foco e abate de todas as aves da granja.
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Notificação à OMSA e cumprimento rigoroso dos protocolos internacionais.
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Monitoramento ampliado em regiões vizinhas e intensificação da vigilância sanitária.
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Negociações diplomáticas com países importadores para retomada gradual das exportações.
🚨 O que você precisa saber:
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A gripe aviária não representa risco imediato ao consumo de carne ou ovos, desde que devidamente preparados.
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O consumo interno permanece seguro, segundo as autoridades de saúde.
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A principal preocupação está na cadeia econômica e na confiança internacional no produto brasileiro.

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