Caso reacende o alerta sobre os perigos dos desafios virais e a necessidade de orientação digital para crianças e adolescentes.
Uma tragédia comoveu o Brasil nesta semana: uma menina de apenas 8 anos perdeu a vida após tentar cumprir o chamado "desafio do desodorante", que circula nas redes sociais e incentiva a inalação do produto em aerossol até a perda de consciência.
Sarah Raissa, de apenas 8 anos, estava desacordada quando foi encontrada pelo pai. Ao lado dela havia um frasco de desodorante e, no celular, o vídeo do "desafio do desodorante".
O caso aconteceu em Ceilândia, e deixou familiares, amigos e toda a comunidade escolar em estado de choque. Segundo relatos, a criança teria visto vídeos sobre o desafio na internet e tentado reproduzi-lo sozinha em casa. Ela foi encontrada inconsciente e, apesar de esforços para reanimá-la, não resistiu.
O que é o “desafio do desodorante”?
Esse tipo de conteúdo vem sendo compartilhado em plataformas como TikTok, YouTube Shorts e Instagram Reels, muitas vezes com trilhas sonoras e edições atrativas, voltadas para o público jovem. O "desafio do desodorante" consiste em inalar o spray de desodorante por tempo prolongado, supostamente para alcançar uma sensação de “euforia” ou desmaio, sem que os participantes tenham real noção dos riscos à saúde — que vão desde intoxicação até parada cardiorrespiratória.
Segundo especialistas, a prática é extremamente perigosa. "A inalação de aerossóis pode causar arritmias cardíacas, danos neurológicos, sufocamento e até morte súbita", explica a toxicologista clínica Dra. Mariana Silva.
O papel das redes sociais
Esse não é o primeiro caso envolvendo consequências fatais de desafios virais. Nos últimos anos, surgiram outros igualmente perigosos, como o “desafio da rasteira”, “blackout challenge” e o “tide pod challenge”, todos com registros de feridos — e, em alguns casos, mortos.
Plataformas sociais têm sido pressionadas a agir com mais rigor na moderação de conteúdos nocivos, mas especialistas apontam que o controle total é praticamente impossível diante da rapidez com que esses vídeos se espalham.
Educação digital começa em casa
Para pais, educadores e responsáveis, o episódio reforça a importância do diálogo aberto sobre o uso consciente da internet. “É fundamental que crianças tenham acompanhamento no que consomem online. Não se trata apenas de proibir, mas de orientar, entender o que elas assistem, com quem interagem e o que sentem curiosidade em fazer”, afirma a psicóloga infantil Renata Oliveira.
O Ministério da Justiça já anunciou que estuda medidas para aumentar a fiscalização de conteúdos perigosos dirigidos ao público infantil. Mas, até que ações mais efetivas sejam implementadas, a supervisão e o cuidado dentro de casa seguem sendo as principais linhas de defesa.
Fica o alerta
A morte dessa menina não pode ser apenas mais um número em uma estatística sombria. Que a dor de sua perda sirva de alerta para a sociedade como um todo — famílias, escolas, empresas de tecnologia e autoridades — sobre os perigos invisíveis que se escondem por trás de uma tela.
Se você é pai, mãe ou responsável, converse com seu filho hoje. Pergunte o que ele tem assistido. O que parece apenas uma brincadeira inofensiva pode, infelizmente, custar uma vida.

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