Se o Brasil conseguir garantir que todos tenham acesso ao saneamento básico, poderá alcançar um aumento econômico anual estimado em cerca de R$ 42,5 bilhões. Este valor abrange economias com saúde pública, maior produtividade dos trabalhadores, valorização de imóveis e impulso ao turismo. Além disso, haverá incremento na renda e na arrecadação de impostos devido aos investimentos em infraestrutura de saneamento. Essa projeção é feita pelo Instituto Trata Brasil, uma organização sem fins lucrativos que visa promover o saneamento básico e proteger os recursos hídricos no país.
De acordo com os cálculos do Trata Brasil, realizados em 2022, para alcançar a universalização até 2040 conforme estabelecido pelo Marco Legal do Saneamento Básico, o investimento necessário seria de R$ 640 bilhões, resultando em um retorno estimado de R$ 1,45 trilhão. Após esse período, os custos anuais de manutenção seriam inferiores a R$ 24 bilhões, enquanto os benefícios totais alcançariam R$ 66,4 bilhões.
"A expansão do sistema de saneamento, especialmente em áreas rurais, periferias e pequenos municípios, é crucial para alcançar resultados positivos, como a redução da mortalidade infantil", destaca Léo Heller, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas) e ex-relator especial da ONU para o direito à água e ao saneamento.
No entanto, Heller aponta desafios na expansão do saneamento para essas áreas menos atrativas para empresas privadas que poderiam operar os sistemas. Ele ressalta que garantir essa expansão é complexo para as agências reguladoras.
Wanderley da Silva Paganini, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, enfatiza a importância de priorizar o abastecimento de água potável acessível para todos como passo inicial no saneamento. Ele argumenta que investimentos nesse sentido têm retornos substanciais, especialmente em regiões com carências significativas.
Para Paganini, os impactos do saneamento vão além da saúde física, afetando também a qualidade de vida e a produtividade. Ele destaca que o acesso a um banheiro adequado é crucial não apenas para a saúde pública, mas também para a dignidade das pessoas.
A falta de saneamento está diretamente relacionada a diversas doenças, como as transmitidas pela água contaminada e por condições de higiene precárias. Estas incluem desde doenças diarréicas até infecções transmitidas por insetos, como dengue e malária. Em 2022, mais de 190 mil internações hospitalares foram atribuídas a essas enfermidades no Brasil, resultando em 2.032 mortes.
Investir em saneamento não só reduz custos futuros com saúde, mas também melhora a produtividade econômica e educacional da população, conforme salienta Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil. Ela enfatiza que proporcionar acesso universal a água limpa e saneamento básico tem um impacto direto na qualidade de vida das pessoas e na percepção social.
Em resumo, investir em saneamento básico não apenas beneficia a saúde pública e o bem-estar social, mas também promove um retorno econômico substancial a longo prazo, transformando vidas e comunidades em todo o país.
Política ao Quadrado


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