O grupo Stellantis está se preparando para lançar veículos que funcionam exclusivamente com etanol ou combinam essa tecnologia com eletricidade, conhecida como tecnologia híbrida. Os primeiros modelos estão previstos para chegar ao mercado até o final de 2025, como parte da iniciativa estratégica denominada Bio-Hybrid. Embora as datas exatas não tenham sido confirmadas pela fabricante.
É provável que Fiat e Jeep sejam as marcas escolhidas para introduzir essas inovações no portfólio da empresa. Os novos veículos utilizarão o motor 1.3 turbo, que já é utilizado nas versões flexíveis.
A Fiat tem um histórico significativo nesse campo, tendo sido pioneira ao lançar o primeiro carro com versão a álcool no Brasil em 1979, o compacto 147, popularmente conhecido como "cachacinha".
A principal vantagem desses novos modelos em comparação aos veículos flexíveis, que podem usar etanol e gasolina de forma mista, será a autonomia semelhante à obtida com combustíveis fósseis, mas a um custo por litro menor e com redução nas emissões de poluentes. Isso é possível devido à calibração específica para um único tipo de combustível, o que melhora a eficiência energética.
A Stellantis confirmou que o motor está pronto, mas ainda não divulgou sua estratégia para o lançamento comercial. Márcio Tonani, vice-presidente sênior dos centros técnicos de engenharia da montadora para a América do Sul, afirmou: "O motor 100% a etanol já foi desenvolvido, é altamente eficiente e já está disponível pela Stellantis. E pode ser usado em conjunto com a tecnologia Bio-Hybrid."
O combustível renovável disponível no Brasil contribui para compensar parte das emissões de CO2 através da absorção durante o cultivo de cana-de-açúcar.
Essa iniciativa é uma proposta antiga que ressurgiu com a estabilização dos preços e da oferta, além do compromisso com a descarbonização. Em 2023, o governo e a Anfavea avançaram na retomada do segmento de automóveis movidos a etanol, inicialmente proposto como o "carro verde".
No entanto, o plano foi reduzido a um pacote de incentivos que beneficiou os veículos flexíveis, cujos preços iniciais ainda estão acima do esperado. Agora, há um foco renovado em incentivar o uso de biocombustíveis em detrimento dos combustíveis fósseis.
O governo brasileiro está incentivando o aumento da oferta de combustíveis renováveis e, em março, aprovou um projeto de lei sobre biocombustíveis após discussões com o setor petrolífero e o agronegócio.
Além disso, estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul estão implementando programas para apoiar o setor sucroenergético. O avanço do E2G (etanol de segunda geração), produzido a partir de resíduos vegetais como palha, folhas e bagaço, está sendo desenvolvido para alcançar viabilidade econômica e chegar aos postos de combustível.
Os novos automóveis movidos a etanol devem receber benefícios fiscais sob o programa Mover (Mobilidade Verde e Sustentabilidade), sendo enquadrados na menor faixa de tributação do IPI Verde. Isso não só aumentará a rentabilidade das empresas, mas também tornará os preços mais competitivos.
No entanto, há preocupações entre os revendedores. José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, acredita que o caminho mais viável é o híbrido flexível, em vez do etanol puro, devido à falta de justificativa econômica em regiões como o nordeste brasileiro, onde os preços entre gasolina e etanol são praticamente iguais.
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