A aterosclerose, mesmo sem alarde, é a principal causa de infartos e AVCs, responsáveis por cerca de 200 mil mortes anuais no Brasil. Segundo o cirurgião cardiovascular Elcio Pires Junior, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), sua ameaça reside na insidiosa ausência de sintomas claros antes de eventos graves.
Com frequência, a doença só se revela quando uma intervenção de emergência se torna inevitável. Em 2018, por exemplo, 63 mil pessoas apenas na região Sudeste foram hospitalizadas devido à aterosclerose, conforme um artigo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM) de 2019. Contudo, suas sérias complicações podem ser evitadas se os sintomas forem monitorados de perto.
O que é a aterosclerose?
De maneira geral, esta condição se manifesta de forma sutil e progressiva. A inflamação nos vasos sanguíneos é desencadeada pelo acúmulo de gordura, afetando múltiplas áreas simultaneamente e variando em gravidade conforme a artéria obstruída.
"Como a aterosclerose é assintomática, seus sinais geralmente só aparecem quando a obstrução da artéria atinge cerca de 75% do diâmetro. É nesse ponto que os sintomas começam a surgir, exigindo cuidados imediatos para evitar complicações mais severas", alerta Pires.
Segundo a SBC, a prevenção e o tratamento adequado dos fatores de risco e das doenças cardíacas podem reverter quadros graves. Identificar e tratar precocemente os sintomas principais das doenças cardiovasculares são fundamentais para esse propósito.
Entre as doenças cardiovasculares com alto índice de fatalidade, destaca-se o AVC, causado pelo entupimento dos vasos cerebrais devido a placas de gordura. Os sintomas incluem dificuldade de fala, tontura, dificuldade de engolir e fraqueza em um lado do corpo, entre outros.
A cardiomiopatia é outra condição grave que afeta o coração, caracterizada pela inflamação e inchaço do músculo cardíaco, podendo levar a um enfraquecimento severo e até necessidade de transplante. Sintomas incluem fadiga frequente, inchaços e fraqueza.
O infarto do miocárdio ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma parte do músculo cardíaco é interrompido, resultando na morte do tecido. Obesidade, tabagismo, colesterol elevado e predisposição genética são fatores de risco. Sintomas típicos são dor no peito persistente, formigamento no braço e sensação de queimação no peito.
Sintomas da aterosclerose
Os sintomas variam conforme a severidade da obstrução e a área afetada:
- Afetação das artérias coronárias pode levar ao infarto agudo do miocárdio, manifestando-se inicialmente como aumento da pressão arterial e fadiga.
- Nas artérias cerebrais, pode causar desmaios, paralisias temporárias, distúrbios visuais e, eventualmente, AVC.
- Nos membros inferiores, obstruções podem causar dor, lesões na pele e fraqueza muscular ao caminhar ou levantar peso, com sintomas adicionais como queda de pelos, atrofia muscular, dificuldade de ereção e gangrena.
Fatores de risco e prevenção
Estudos epidemiológicos indicam maior incidência de aterosclerose entre pessoas de 50 a 70 anos, especialmente homens, fumantes, hipertensos, sedentários e com histórico familiar da doença.
A prevenção eficaz é fundamental para controlar ou retardar a progressão da condição, envolvendo:
- Prática regular de atividades físicas por pelo menos 150 minutos semanais.
- Dieta equilibrada, com ênfase em frutas, vegetais frescos e evitando alimentos ultraprocessados e ricos em gordura.
- Cessação do tabagismo.
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